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#46 | SETEMBRO 2010
CRISTIANO FERREIRA
Director Financeiro da Ferring Portugal
"Se hoje conseguimos manter determinado nível de rentabilidade com todos os esforços efectuados, a rentabilidade tenderá a aumentar se o empenho for constante no pós-crise"

A Ferring é um de grupo de origem sueca que se dedica, sobretudo, à investigação em áreas específicas do mercado farmacêutico. Sente que, em Portugal, este sector obriga a um posicionamento mais específico no caso de estruturas mais pequenas, mesmo das multinacionais?
O historial da Ferring prima pelo forte investimento em investigação e desenvolvimento nas áreas para as quais tem verdadeira vocação. Neste momento de conjuntura difícil, a diversificação poderia ser contraproducente e exigiria fortes investimentos e esforço acrescido em novas áreas, correndo o risco de desviar o “foco” daquela que é sua por excelência. A preocupação é sermos bons no nosso mercado e é aí que temos de estar concentrados.

Como analisa a gestão financeira na indústria farmacêutica e, em especial, da vossa área de actuação? O que tem mudado neste aspecto, desde a crise financeira?
Pelas características específicas do sector, a gestão financeira é muito rigorosa e creio que nada tenha mudado na forma de actuar.
Estes cenários trazem maior exposição aos financeiros devido à responsabilidade que assumem junto das organizações. Nestes momentos, é-nos exigido maior proximidade à gestão, de forma a procurar soluções que visem sobretudo antecipar ou minimizar potenciais perdas.
Na minha perspectiva, os financeiros não são mais importantes nestes momentos. Ocupamos o nosso lugar na organização e a exigência e rigor que nos é imputado deve ser permanente.

A tendência para as aquisições predomina na indústria farmacêutica mundial. Com vista ao fortalecimento da vossa presença local, como perspectivam o vosso crescimento no mercado nacional?
A Ferring ocupa, desde já uma, posição de relevo na área da Pediatria, Urologia, Ginecologia, Infertilidade e Gastrenterologia. Acima de tudo, queremos continuar a crescer nestas áreas onde a Ferring investiu muito nos últimos anos.
O crescimento da Ferring tem sido sustentado e sólido e a cadência de progressão permite-nos prever que nos próximos cinco anos iremos crescer a dois dígitos o volume de negócios, mesmo considerando a actual conjuntura económica.
Após anos de espera a Ferring lançou um novo fármaco, que irá constituir uma nova abordagem terapêutica no tratamento do cancro da próstata avançado/metastizado em Portugal. Este produto será um dos pilares do crescimento da Ferring em Portugal e no Mundo.

Prevêem alargar o âmbito do vosso negócio? Para que áreas? Em que medida o papel do Director Financeiro é importante neste aspecto?
Ao Departamento Financeiro cabe fazer previsões futuras considerando todas as variáveis (análise por unidade negócio, gestão de stocks, tesouraria, …) e relatar eventos passados no mais curto espaço de tempo. Hoje, ninguém traça um rumo prevendo determinada direcção e ao fim de seis meses tudo permanece inalterado. Fazer uso da informação permite antecipar e redireccionar, pois, só assim se está mais próximo de atingir os objectivos a que a Gestão se propôs. O importante, acima de tudo, é optimizar os recursos adequando-os aos objectivos traçados.

Os indicadores financeiros tradicionais continuam adequados para melhorar a transparência e, na sua opinião, traduzem a realidade financeira das empresas?
Penso que, hoje, a informação financeira reflecte melhor a realidade das empresas e os critérios contabilísticos adoptados permitem a comparabilidade entre as empresas o que por si, é muito importante.
Também os Auditores e a Administração Fiscal desempenham um papel importante, pois eles próprios se tornaram mais exigentes e levaram a que as empresas não tão exigentes consigo próprias o sejam cada vez mais.
                                                                                        
No círculo dos responsáveis financeiros debate-se se estaremos perante uma fase de recuperação ou de recessão? Qual é a sua leitura?
A minha leitura é que não estamos numa fase de recuperação. O período difícil vivido nos últimos anos teve um pico no final do primeiro trimestre e está a voltar com toda a pressão externa sobre a dívida portuguesa e, acima de tudo, sobre a capacidade de Portugal cumprir as metas a que se propôs. Nada do que é feito é consertado e, em conjunto com a oposição, patronato e os trabalhadores dando lugar a um esforço acrescido e reactivo face aos problemas quando deveria ser pró activo e estrutural.
Penso que as empresas e os consumidores irão ainda passar sérias dificuldades, a quebra no consumo, a dificuldade no acesso a financiamento e, acima de tudo, a incerteza quanto ao futuro, cria receios reais, pois 2011 será um ano muito difícil.

No que toca à performance financeira das organizações, bastará manter os mesmos métodos ao nível financeiro ou de gestão para se obter um valor de rentabilidade próximo do nível pré-crise? Ou, em alternativa, exige-se um novo paradigma de cálculo financeiro?
Uma coisa é certa: nada será como antes. Deve haver uma avaliação pragmática da realidade actual, do mercado e das perspectivas de médio e longo prazo. Traçar os objectivos em função da real capacidade da empresa e de forma sólida poder operar nos mercados que são muito concorrenciais.
Se hoje conseguimos manter determinado nível de rentabilidade com todos os esforços efectuados, a rentabilidade tenderá a aumentar se o empenho for constante no pós-crise.

Numa altura em que é comum considerar que os sinais de recuperação económica são “nebulosos”, quais devem ser as prioridades ao nível de decisões e estratégias financeiras?
Depende da capacidade de investimento, do mercado e, como disse antes, dos planos de médio e longo prazo.
Sabemos que o financiamento é e será, por mais algum tempo, difícil e caro. Havendo empresas que passem por dificuldades, estas poderão ser absorvidas por outras com maior disponibilidade financeira. Agora, dada a incerteza dos mercados, a prudência também poderá ser um passo a seguir – tudo depende da estratégia ser mais conservadora ou mais arrojada.

Biografia
Cristiano Ferreira licenciou-se em Economia na Universidade Lusófona, em 1999. O seu percurso profissional foi feito por diversos sectores de actividade. Começou como responsável de contabilidade num grossista alimentar espanhol. Depois foi responsável financeiro de uma unidade fabril de uma multinacional Sueca que produzia para toda a Europa e Médio Oriente. Em 2005, director financeiro de uma subsidiária alemã do mercado de desporto. Foi em 2009 que ingressou na Ferring Portugal, como Director Financeiro.

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