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#48 | NOVEMBRO 2010
ANDRÉ CID
Director administrativo-financeiro da Cushman & Wakefield
"A leviandade com que nos últimos anos as instituições financeiras facultaram créditos hipotecários foi também um dos principais factores causadores da crise financeira"

De que forma analisa o mercado do investimento imobiliário em Portugal? Regista tendencialmente consideráveis progressos ou por contrário está em consonância com a tendência económica vigente?
Após um primeiro semestre de 2010, em que depois do ano negro de 2009 o mercado de investimento imobiliário mostrou sinais muito positivos, o segundo semestre está a ser afectado pelo publicidade negativa criada pelos elevados défices públicos e défices externos dos denominados países periféricos, em que Portugal se inclui. Adicionalmente, o facto da dívida soberana do país estar em níveis muito altos, com os mercados a considerarem que existe um risco país significativo, faz com que os grandes investidores internacionais tenham uma postura muito cautelosa quanto a eventuais investimentos imobiliários em Portugal.

Já afirmou que os DF são “o garante da saúde da empresa”, face a esta realidade que qualidades e posicionamento deve ter este profissional?
Gostaria apenas de reforçar que o “garante da saúde da empresa” é a sua administração, os seus colaboradores e o grupo onde ela se encontra inserida. O director financeiro garante que a estratégia definida seja cumprida numa óptica financeira através de um rigoroso controlo orçamental. Num período marcado pela crise internacional em que a redução de custos afectou as organizações a nível global, o director financeiro tem assumido um papel muito relevante neste rigor orçamental por todos exigido.

No contexto actual económico quais as decisões financeiras estratégicas a serem tomadas?
Haverá com certeza diferentes decisões estratégicas a serem tomadas consoante o tipo de actividade desenvolvida e o mercado onde se opera. No entanto, penso que no actual contexto económico as decisões estratégicas fundamentais a serem tomadas estão relacionadas com uma análise muito cuidada e rigorosa das decisões de investimento que acarretem dívida versus o cash-flow esperado para esses investimentos, o ajustamento sustentável da base de custos das organizações que lhes permitam enfrentar o futuro próximo, rico em incerteza, com confiança e vigor, e a aposta na inovação e no bom serviço prestado aos seus clientes, a base da existência de qualquer empresa.

Concorda quando foram apontados alguns DF como causadores da crise, porque por vezes deram margem à especulação?
Não estou de acordo. Aquilo que é público e que contribuiu decisivamente para a crise financeira que se agudizou com a falência do Lehman Brothers foi a complexidade de operações financeiras aliada à falta de regulamentação e provavelmente à excessiva “liberdade” de acção de determinados elementos pertencentes a grandes instituições financeiras. A leviandade com que nos últimos anos as instituições financeiras facultaram créditos hipotecários foi também um dos principais factores causadores da crise financeira.

 A sua empresa sofreu de algum modo com a actual dificuldade na concessão dos créditos?
A nível local não temos necessitado de recorrer ao crédito bancário.

A precariedade ao incentivo empresarial, com impostos elevados, pode levar ao deslocamento territorial das empresas, principalmente no que respeita a multinacionais como a Cushman & Wakefield?
No caso concreto da Cushman & Wakefield não faz sentido falar em deslocalização dado que somos prestadores de serviços imobiliários e temos de estar presentes fisicamente nos mercados onde operamos. No entanto, a situação fiscal Portuguesa e os elevados custos do factor trabalho influenciam as decisões de deslocalização das grandes multinacionais cuja sua actividade assenta na produção e indústria, como aliás se tem verificado em diversas ocasiões recentes. Portugal deveria adoptar uma abordagem séria e abrangente ao nível fiscal e legal para cativar e manter o investimento no país.

Quais serão os desafios de amanhã para um director financeiro?
Considero que os desafios de amanhã não serão muito diferentes daqueles que já o são hoje: integridade, flexibilidade de adaptação a novas realidades, actualização profissional contínua, conhecimento do mercado em que a sua empresa actua e interacção contínua com administração e restantes departamentos dentro da organização.

Biografia
Licenciatura em Organização e Gestão de Empresas pelo ISCTE, Revisor Oficial de Contas, antes de integrar a Cushman & Wakefield em Agosto de 2005, foi Audit Manager na Grant Thornton.

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