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#49 | DEZEMBRO 2010
MIGUEL GUERREIRO
CFO, Siemens Portugal
"Temos sido parceiros fundamentais da economia portuguesa em todas as fases da sua edificação social e económica, acrescentando sistematicamente valor à sua capacidade produtiva e contribuindo decisivamente para a sua dinâmica empresarial"

A Siemens apresentou um lucro recorde para o ano fiscal de 2010. O lucro total dos sectores aumentou 4%, atingindo cerca de 7,8 milhões de euros, com um aumento líquido de 63 % e com uma subida de 3% nas encomendas. Como analisa este fecho positivo?
Da forma mais positiva possível. Demonstra que a estratégia preconizada tem sido a mais correcta e capaz de gerar valor para os accionistas e para os stakeholders que interagem diariamente com a Siemens. Este desempenho é ainda mais relevante se tivermos em consideração o panorama económico e financeiro pessimista que marcou todo o ano de 2010.

Na sua opinião a que se deve este resultado?
Estes resultados de excepção resultam directamente do empenho de todos os colaboradores – desde a gestão de topo até ao mais recente colaborador. De facto, foi graças à sua vontade de exceder objectivos e ultrapassar desafios que a Siemens conseguiu fechar o ano comercial de 2010 com os melhores resultados de sempre.
No entanto, a reestruturação da empresa à escala mundial que decorreu em 2007, ano em que grupo passou a estar organizado em três sectores – Energia, Indústria e Saúde – criou um enquadramento estratégico fundamental para o sucesso que agora vivemos. Um dos destaques deste novo posicionamento foi a criação do Portefólio Ambiental, um conceito que agrega as soluções e produtos capazes de promover níveis de eficiência ambiental que colocam a Siemens na vanguarda de soluções amigas do ambiente (onde Portugal tem feito um contributo significativo), concretamente ao nível de soluções que visam aumentar a sustentabilidade das cidades. No ano fiscal de 2010, os produtos e soluções do seu Portefólio Ambiental deram à Siemens receitas no valor de cerca de 28 mil milhões de euros. Assim, o objectivo inicial de gerar receitas de pelo menos 25 mil milhões de euros em 2011 foi alcançado muito mais cedo do que planeado.
Em Portugal, a Siemens conseguiu reduzir até 2009 as emissões de CO2 dos seus clientes em 2,9 milhões de toneladas (equivalente a 70% das emissões da cidade de Lisboa), e desde 2006, a empresa vendeu 70 Milhões de euros de produtos derivados do Portefólio Ambiental.

Como pensa que será a melhor maneira de manter ou mesmo subir os índices de encomenda ou a carteira de clientes?
Mantendo os níveis de excelência de serviço e compromisso com a causa do cliente que têm marcado a nossa actividade em Portugal. Temos sido parceiros fundamentais da economia portuguesa em todas as fases da sua edificação social e económica, acrescentando sistematicamente valor à sua capacidade produtiva e contribuindo decisivamente para a sua dinâmica empresarial. Na última década, o modelo de desenvolvimento da empresa passou de uma organização virada para a actividade industrial, para um Grupo focalizado no desenvolvimento tecnológico, com a criação de diversos centros de competência, no sentido de incentivar a exportação de serviços e conhecimento.

Quais os objectivos delineados para Portugal para o ano de 2011?
Crescer de forma sustentada, tendo por base o que mais nos distingue no universo Siemens: a qualidade dos nossos recursos humanos. Neste aspecto, são de salientar os nossos Centros de Competência na área da Energia, das soluções, serviços e produtos Aeroportuários e Serviços Financeiros e de Recursos Humanos.
Desde Outubro de 2007 que a organização passou a ser reconhecida pela Siemens AG como Service Center Ibéria, uma unidade dedicada aos serviços de manutenção e montagem para equipamentos e sistemas de Alta Tensão que tem como responsabilidade colaborar com outros Service Centers mundiais;
Na área do Comando, Controlo e Protecção para Sistemas de Transporte e Distribuição de Energia, o sector Energy em Portugal é Project Delivery Center mundial, reconhecimento que deriva directamente das capacidades de inovação e realização de uma equipa de engenharia de sistemas totalmente portuguesa. Esta equipa foi uma das primeiras a nível mundial a desenvolver e a aplicar uma solução de automação baseada no protocolo IEC 61850, que permite a interoperabilidade entre equipamentos e sistemas de diferentes fornecedores num sistema de comando, controlo e protecção em subestações de transporte ou distribuição de energia;
Foi igualmente implantado em Portugal um Centro de Competência para a Manutenção de Turbinas Industriais e outro para Instrumentação e Controlo de Centrais, baseados na performance e disponibilidade das instalações. Estes centros de competências estão de momento a ser alargados com a integração de novos engenheiros de forma a aumentar a oferta de valências que o Sector terá a oferecer nesta área a todo o mundo Siemens;
Uma das mais recentes inovações foi a criação do conceito Siemens Capacity Plus, criado em 2004, por ocasião da realização do Europeu de Futebol em Portugal. Eventos desta natureza geram picos sazonais de passageiros aos quais os aeroportos têm de dar resposta. Em Portugal optou-se por instalar um terminal temporário na zona de Figo Maduro, que permitiu duplicar a capacidade do aeroporto da Portela. Os bons resultados obtidos fizeram com que o projecto fosse reconhecido como uma Best Practice a nível mundial, e permitiram à Siemens Portugal tornar-se Centro de Competências Mundial para Terminais Aeroportuários Modulares de pequena e média dimensão, conceito Capacity Plus, para o universo Siemens. Desde então o conceito já foi implementado no Aeroporto Internacional de Doha, no Qatar, para os XV Jogos Asiáticos – Doha 2006, no Terminal 2 do Aeroporto de Lisboa (2007) e mais recentemente durante o Campeonato Mundial de Futebol 2010, tendo sido instalados dois terminais aeroportuários temporários. É ainda de salientar que a implementação deste conceito permitiu à Siemens Portugal criar competências locais para este projecto e que estão disponíveis para serem aplicadas noutros projectos de grande dimensão ou em outros ligados a grandes eventos. A exportação deste conceito significa a exportação directa de know-how nacional, uma vez que todas as soluções foram criadas, desenhadas e implementadas por engenheiros portugueses. O conceito Siemens Capacity Plus, já originou, para a Siemens Portugal, negócios no valor de 40 milhões de euros.
O Global Shared Services A&F, um centro de competências para a área financeira, presta serviços a 47 entidades do Grupo Siemens sediadas em 16 países (Angola, Áustria, Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Inglaterra, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Holanda, Portugal, Espanha, Suécia e Suíça) e emprega mais de 200 colaboradores qualificados, número que se prevê vir a aumentar ainda este ano.
Por seu turno, o Global Shared Services / Human Resources arrancou em 2009 e tem a seu cargo tarefas de gestão de recursos humanos de países como a Espanha, França, Itália, Suíça, Luxemburgo, Bélgica, Grécia, Suécia e Inglaterra, sendo de esperar a breve trecho um aumento significativo do número de colaboradores. Por fim, foi criado um Centro de Competência Financeira de Governance & Control que prestará serviços a empresas do grupo Siemens em vários países de Europa. Durante o ano de 2011, prevê-se que esta unidade venha a empregar cerca de 90 colaboradores.

Vivemos um período de incerteza na concessão dos créditos. De que forma a Siemens Portugal consegue contrariar esta tendência?
A actual turbulência económica e financeira que se vive em quase todas as economias – com excepção dos BRIC – afecta naturalmente as perspectivas de negócio de qualquer empresa. No entanto, é de realçar que este ano a Siemens atingiu os melhores resultados de sempre. Enquanto empresa fortemente inserida na realidade económica nacional, a Siemens Portugal não deixa de estar sensível às dificuldades por que passam algum do nosso tecido empresarial. No entanto, e restringindo-me exclusivamente à Siemens Portugal, posso afirmar que estamos de boa saúde financeira, muito devido à estratégia de rigor orçamental e de aproveitamento de oportunidades.

De que forma um CFO pode responder à agressividade de outros players existentes no mercado?
Tentando estar sempre na linha da frente na procura de soluções novas que permitam uma maior eficiência dos recursos (naturalmente) limitados que as organizações têm à sua disposição. Por outro lado acreditar na estratégia e segui-la de uma forma consistente mas atenta de modo a proceder a ajustamentos sempre que necessário devido à alteração das circunstâncias.

Portugal já tem mais de 600 mil desempregados e a previsão tende a subir. Estes dados já são superiores à previsão do Governo para 2011. De que forma a sua empresa está a contornar este problema? E qual será a melhor estratégia para a criação de valor mediante esta realidade?
Como tem vindo a ser amplamente comunicado, a Siemens Portugal está a desenvolver processos de recrutamento muito agressivos. Exemplo disso é o Siemens Training Day, um evento que se realizou pela primeira vez este ano e surgiu do esforço de recrutamento que a Siemens tem estado a desenvolver, em particular para o Global Shared Service Accounting & Finance (GSS A&F) e Global Shared Services Human Resources (GSS HR), os centros de competência da empresa para as áreas de serviços financeiros e recursos humanos.
Pelo contacto que temos tido com estes jovens, percebemos que a sua preparação tem um enfoque ao nível dos conhecimentos técnicos e teóricos, mas muitas vezes insuficiente ao nível das expectativas ou das competências comportamentais ou relacionais. Achámos que poderíamos dar uma contribuição a esse nível.

Quais os principais desafios de amanhã para um CFO?
Claramente afirmar-se como um elemento fundamental no delinear da estratégia e como enabler do processo de negócio e manter a “cabeça fria” e consistência nestes tempos de instabilidade ou mais correctamente de constante mudança acelerada em que vivemos e iremos continuar a viver.

Biografia
Miguel Pedro Garcia Guerreiro assumiu desde o início de 2010 o cargo de Chief Financial Officer da Siemens Portugal. Aos 36 anos é o primeiro português a assumir a direcção financeira da empresa. A sua carreira está desde sempre ligada à Siemens (Portugal e Alemanha), onde entrou em Dezembro de 1997 para o Planeamento e Controle. Desde Janeiro de 2008 era o Corporate Finance & Global Shared Service Accounting & Finance Center Lisbon (GSS/AF).
Miguel Guerreiro é licenciado em Ciências Económicas pelo ISEG – Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa, em 1997, e detém várias pós-graduações e formação complementar em Liderança, Inovação, Competitividade Global, Serviço a Cliente, Pensamento estratégico.

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