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#54 | JUNHO 2011
MARIA ANTÓNIA COSTA
Chief Financial Officer da Sage Portugal
"Hoje, o Director Financeiro tem um papel mais abrangente e mais interventivo na empresa"

O inquérito que a Sage efectuou junto das PME, em 2010, permitiu concluir que, entre as empresas que cresceram num contexto de crise, 66% encara que este é um bom momento para investir em Tecnologias de Informação (TI) e, em termos globais, 60% das PME inquiridas partilha desta opinião. Como é que a CFO de uma empresa com a actividade da Sage encara um contexto de negócio que pode revelar-se adverso ao investimento em sistemas de informação?
O inquérito “Radiografia das PMEs em Portugal”, que realizámos pelo segundo ano consecutivo, demonstrou que 37% das empresas inquiridas são empresas “Edelweiss” [em analogia com uma planta dos Alpes, são empresas que cresceram num contexto económico adverso]. Revela ainda que 35% das empresas decresceram em 2010, tendo 36% afirmado ter recebido financiamento por parte de entidades financeiras. Neste contexto, acreditamos que os sistemas de informação são uma ferramenta indispensável para que as empresas possam gerir os seus negócios de forma eficiente. Por isso, a Sage tem investido continuadamente na evolução das suas soluções, tornando-as cada vez mais aptas para responder às exigências do mercado.
Na conjuntura económica difícil que estamos a atravessar, para além da preocupação com a funcionalidade dos nossos produtos, temos pensado também em formas de apoiar os nossos utilizadores do ponto de vista financeiro. Para tal, continuamos a estabelecer parcerias com entidades financeiras e continuamos a proporcionar formas de pagamento faseado às quais os nossos clientes têm aderido cada vez mais. A maior parte dos nossos clientes mantém connosco um contrato de manutenção e assistência do seu software, que lhe permite a utilização em pleno das nossas soluções sem que possa ser surpreendido por custos adicionais não previstos. Isto só é possível, bem como o nível de preços que praticamos, graças às economias de escala decorrentes do elevado número de utilizadores que usam as nossas soluções.

Enquanto CFO de uma empresa que opera no âmbito do desenvolvimento de software de gestão, entende que o foco do investimento na área financeira deve incidir, precisamente, sobre ferramentas como esta, que sustentem essa actividade e essa decisão?
Sim, os sistemas de informação são hoje uma ferramenta essencial na gestão das empresas, nos quais deve haver um investimento contínuo. O mercado exige às empresas criatividade e inovação, um dinamismo e uma capacidade de rápida adaptação à mudança. Só com o suporte de um sistema de informação simples e flexível, mas ao mesmo tempo completo, é possível que as empresas respondam eficazmente aos desafios do mercado, mantendo-se competitivas. Os sistemas de informação são um instrumento de competitividade das empresas e devem ser encarados como tal, ao serem tomadas as decisões de investimento. Na nossa organização, apesar da conjuntura que vivemos, ou talvez mesmo devido à conjuntura que vivemos, nos dois últimos anos realizámos os maiores investimentos de sempre ao nível dos sistemas de informação.

Encara que uma certa tendência de diminuição do investimento em TI pode afectar de alguma forma o crescimento e a sustentabilidade financeira das empresas, na medida que essas ferramentas assumiram tamanha importância na gestão do negócio?
Os sistemas de informação são um recurso que devemos encarar com o mesmo cuidado com que encaramos todos os outros recursos. Se fazemos investimentos nos recursos produtivos, nos recursos humanos, etc., devemos igualmente investir nos sistemas de informação, já que estes irão contribuir para a rentabilidade de todos os investimentos. O deixar de investir ou reduzir excessivamente o investimento hoje pode vir a comprometer a performance da empresa no futuro. Num ambiente tão adverso e competitivo, parece-me fundamental ir actualizando e melhorando os sistemas de forma constante e gradual.

Um clima de incerteza nos mercados financeiros incrementa a agressividade do mercado e pode tornar ainda mais relevante o papel do Director Financeiro no que concerne à sua participação na definição da estratégia de negócio de uma organização?
O papel do Director Financeiro tem mudado ao longo dos últimos anos. Se há uns 30 anos atrás o que se esperava do Director Financeiro era que assumisse o controlo das contas da empresa, hoje, embora o seu papel possa variar conforme a dimensão e actividade da empresa em que se insere, o Director Financeiro tem um papel mais abrangente e mais interventivo na empresa. É importante no apoio que presta ao Director Geral e aos outros membros da direcção da empresa, deve assumir um papel proactivo, proporcionar informação adequada para a definição da estratégia e participar nessa definição, alertar para variações das previsões, controlar a execução da estratégia definida. Cabe-lhe também cuidar o financiamento do negócio procurando fontes de financiamento adequadas. Cada vez mais a gestão do negócio depende de KPIs [Key Performance Indicators] e não de dados estatísticos.

Com a chegada da ajuda externa a Portugal e dada a necessidade de implementação de reformas estruturais de reanimação da economia, torna-se mais difícil garantir a saúde financeira das empresas? Pode dizer-se que há hoje um maior rigor no controlo orçamental?
O rigor no controlo orçamental deve existir sempre, disso depende a saúde financeira das empresas. Numa altura como a que atravessamos parece-me que, para além do controlo orçamental, temos que dedicar mais atenção à análise do risco procurando reduzir ao máximo o grau de incerteza.

Na sua opinião, o que define um bom Director Financeiro?
Um bom Director Financeiro deve antes de mais conhecer bem o negócio da empresa onde está inserido para poder contribuir de forma activa e positiva na definição e implementação da estratégia.

Que formação deve ser valorizada no contexto de gestão financeira de uma empresa?
Temos recrutado para a área financeira tanto licenciados em economia, como em gestão. Não posso dizer que prefira uns ou outros, qualquer uma destas formações se tem revelado uma boa base para desenvolver uma carreira na área financeira. Nesta profissão, como em quase todas as outras, tanto ou mais importantes que as competências técnicas são as características pessoais, a atitude, a pro-actividade, a criatividade, o sentido de responsabilidade.

Por altura do debate que se seguiu à apresentação dos resultados portugueses e internacionais do Edelman Trust Barometer, o vogal da direcção do Instituto Português de Corporate Governance, António Gomes Mota, afirmou que “as empresas portuguesas estão cada vez mais próximas do consumidor, com melhores práticas de gestão”. Na sua opinião, quais as boas práticas de gestão que estão a ser seguidas em Portugal? É mais fácil empreende-las por uma multinacional ou por uma PME?
No mercado global em que hoje nos movemos já não há, na minha opinião, espaço para que as empresas, multinacionais ou PMEs, possam sobreviver senão com boas práticas de gestão.

Quais os desafios que se antevêem na gestão financeira da Sage Portugal?
O grande desafio será o de sermos cada vez mais ágeis e mais flexíveis, não só adaptando-nos rapidamente à evolução do negócio, como também sendo a própria área financeira um dos motores da evolução da empresa. Temos que encontrar novas formas de interacção, quer com os nossos parceiros quer com os nossos utilizadores, utilizando todas as possibilidades que os nossos sistemas internos e a Web nos proporcionam. Temos que encontrar formas de financiamento que suavizem o esforço de investimento dos nossos utilizadores, numa altura em que a conjuntura é menos favorável.

Biografia
Licenciada em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto, onde frequentou também o II Curso de Pós-graduação em Análise Financeira, Maria Antónia Costa possui o Executive MBA em Comércio Internacional ministrado na AEP (Associação Empresarial de Portugal), pelo ESADE (Escuela de Administracion e Direccion de Empresas) de Barcelona. É CFO da Sage Portugal desde 1995.

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