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#29 | SETEMBRO 2010
EDUARDO ROMANO
Chief Information Officer da Liberty Seguros
"Reduzir o investimento no sector das TI é o maior erro que poderíamos fazer neste momento"

Qual o papel que o Director de Sistemas de Informação (SI) tem numa organização como a Liberty Seguros?
Como em qualquer organização moderna, o papel da Direcção de SI na Liberty Seguros é de “facilitador” ou “indutor” do negócio. Ou seja, o DSI trabalha com e para o resto da organização, articuladamente, facilitando e promovendo a eficiência dos processos, a produtividade dos colaboradores e a satisfação dos clientes e parceiros de negócio. Em particular na indústria de Seguros, uma indústria que se baseia na informação e no serviço ao cliente, o papel da Direcção de SI é ainda mais crucial para o desenrolar das operações.

Apesar da crise financeira que afectou os mercados internacionais, o sector Segurador tem mostrado alguma resistência ao panorama global. Um estudo do IDC confirma que, em 2010 haverá uma quebra de investimento no sector das Tecnologias de Informação (TI). Como encara estas perspectivas?
Sem dúvida que a crise financeira tem provocado um reajustamento em todos os mercados e sectores. O mercado Segurador em Portugal não é excepção. O cliente, particular ou empresa, tem uma sensibilidade maior ao preço e é mais informado. Ora isto não é negativo – pelo contrário – pois exige que as empresas sejam cada vez mais eficientes, conseguindo competir em mercados mais homogéneos e globais. Se assim é, reduzir o investimento no sector das TI é o maior erro que poderíamos fazer neste momento, pois somente mantendo, ou incrementando, o nível de investimento seremos capazes de seguir competindo e preparando o futuro.

Quais os desafios que a crise financeira trouxe à área as TI?
Se a sensibilidade aos preços dos clientes aumenta e se o nível de investimento se mantém constante então a solução é ganhar eficiência. A conclusão é fácil. O difícil é obter esses ganhos de eficiência em estruturas de dimensão mais reduzida como a nossa em Portugal e onde, ano após ano, se tem trabalhado muito para se “lubrificar” a máquina, mantendo os níveis de motivação das equipas sempre elevados. Pessoalmente, penso que o maior desafio é mesmo saber criar e manter a melhor equipa de profissionais do mercado. Esse é um objectivo que temos que acompanhar todos os dias e com muito empenho e energia. É uma forma de estar que partilho com os meus colegas da Direcção de SI. Nada acontece por acaso. Depois, os ganhos de eficiência, que por natureza se calculam fazendo mais e melhor por menos custo, começam a aparecer quando a equipa está motivada e orientada para os alcançar. Parece simples; e se calhar até é. As melhores ideias vêm quase sempre das pessoas que desempenham as tarefas diariamente e que sabem, melhor do que ninguém – diria eu, melhor do que os mais competentes consultores do mercado –, como serem mais eficientes.

Quais são os principais desafios e obstáculos que um Director de SI tem neste momento?
Neste momento, estamos a dar início a um projecto de substituição dos nossos sistemas principais (“core systems”) para Vida e Não-vida. Este é o maior desafio que já alguma vez tivemos de enfrentar, e provavelmente, o maior dos próximos dez anos. Mudar o sistema principal é sempre um “voltar às raízes”, em termos de arquitectura de sistemas e competências técnicas dos nossos colaboradores. Esta mudança acontece por pretendermos dar um salto qualitativo no serviço que prestamos aos nossos clientes e parceiros de negócio e pela já referida busca de acréscimo de eficiência. Este é um projecto de mudança que implica uma coordenação total das equipas de TI e negócio envolvidas.

Quais as perspectivas de crescimento do negócio da Liberty e qual o papel dos Sistemas de Informação nesse crescimento?
A Liberty está no mercado com o claro objectivo de prosperar, seja organicamente seja por aquisição de outros negócios. É isso que temos feito e continuaremos a fazer, estando os resultados à vista sempre superiores aos do mercado. O crescimento rentável, e não a qualquer custo, é um veículo importante para podermos obter os tais ganhos de eficiência que referi e poder reflectir esses ganhos na redução do prémio de seguro que cobramos aos clientes. Uma equação simples. Também é claro que queremos crescer em segmentos específicos do mercado onde nos temos afirmado pela diferença com produtos e serviços inovadores.
Este crescimento só pode ser acompanhado por processos mais simples e automatizados e, para tal, o papel dos SI é essencial.

Em Maio realizou-se o CIO Fórum, quais as principais preocupações partilhadas entre os principais Chief Information Officer (CIO)?
A Liberty International, braço internacional do Grupo Liberty Mutual, controla e acompanha as operações de todas as empresas da Liberty no mundo. Em regra, uma vez por ano, organiza um CIO Fórum onde reúne mais de uma dezena de CIO de todo o mundo, bem como outros colaboradores de Tecnologias de Informação do grupo e individualidades do sector. O intuito do fórum é a promoção do debate aberto de temas e iniciativas de âmbito internacional nas tecnologias de informação assim como a apresentação de novas tendências das TI no sector Segurador. O mote deste ano foi “Foward Thinking” e foram debatidos e apresentados variados temas dos quais destaco o “Cloud Computing” e o “Mobile Computing”. Ainda que as diferentes operações da Liberty International espalhadas pelo mundo operem em mercados distintos e tenham níveis de maturidade também distintos, há um conjunto de factores que preocupam de igual modo os seus CIO. No topo da lista estão a simplificação das arquitecturas dos SI e a segurança dos nossos colaboradores e activos, dos quais o maior é, sem dúvida, a informação que possuímos e manipulamos diariamente.

Quais as principais tendências esperadas para 2010/2011?
Penso que assistiremos a algum reforço de investimento no sector Segurador de plataformas de venda e suporte a serviços na Internet. O acesso à “web” é cada vez mais fácil, rápido e barato e os clientes sentem-se mais confiantes e cómodos em procurar determinado tipo de produtos e serviços através deste meio. Na Liberty Seguros acreditamos que o nosso principal canal é o Agente (Mediador e Corretor) que, de uma forma profissional, aconselha os melhores produtos e as melhores seguradoras, ao seu cliente. Contudo, apenas alguns Agentes têm capacidade técnica, humana e financeira para poderem investir individualmente nesta tecnologia. Aqui, o papel da Seguradora é importante para dotar os seus Agentes de meios que lhes permitam também estar presentes neste mercado virtual com o desenvolvimento de sites “Co-branded” e plataformas de serviço aos seus comuns clientes.

Biografia
Eduardo Romano é licenciado em Organização e Gestão de Empresas, pelo Instituto Superior de Economia. Consolidou a sua experiência em projectos internacionais, trabalhando como profissional de seguros desde 1999. Profissional de Tecnologias de Informação há mais de duas décadas, foi em 1987 que teve lugar a sua primeira experiência na actividade Seguradora na Seguros Império, do Grupo Mello. Uma experiência consolidada mais tarde em projectos internacionais, nomeadamente em Madrid, Macau e Moçambique, na liderança e coordenação de projectos de âmbito internacional.

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