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#33 | FEVEREIRO 2011
CARLOS BRITO
Responsável pelo Departamento de Desenvolvimento de Sistemas Informação do ITIJ
"A tecnologia da informação, por si só, não é capaz de trazer ganhos para o negócio. É preciso que esteja integrada com a estratégia de negócio"

Que importância atribui às tecnologias de informação na AP e, mais especificamente, na Justiça?
Durante muito tempo as tecnologias de informação na administração pública eram vistas como um elemento de suporte à organização que, geralmente, não gerava qualquer retorno para o negócio. Com o crescimento dentro das organizações, o processo organizacional foi sendo enriquecido. Se antes a tecnologia era utilizada para automatizar tarefas e eliminar ou diminuir o trabalho humano, aos poucos começou a enriquecer o processo organizacional possibilitando a optimização das actividades e eliminando as barreiras de comunicação.
No cenário actual, as tecnologias de informação são um factor de crescimento, de redução de custos operacionais, agregador de valor e qualidade aos produtos e serviços oferecidos, possibilita melhorar o processo de decisão e garantir a sobrevivência num mercado cada vez mais competitivo e turbulento.
A tecnologia da informação, por si só, não é capaz de trazer ganhos para o negócio. Para que ela proporcione resultados efectivos é preciso que esteja integrada com a estratégia de negócio – ou seja, os investimentos em TI devem estar directamente associados a um objectivo organizacional, contribuindo para o seu alcance. Se não houver a preocupação de relacionar o investimento em TI com objectivos de negócio incorre-se no risco de se implementar tecnologia cara e inútil, capaz de executar o que os técnicos esperam mas não o que a organização necessita.
Actualmente, as Tecnologias de Informação participam do dia-a-dia das organizações como um elemento eficiente de gestão da informação e de apoio às decisões, gerando um diferencial competitivo.
A competitividade e a sobrevivência das Organizações dependem cada vez mais da sua capacidade de perceber as mudanças e antecipar-se às novas necessidades, realinhando os investimentos em competências, tecnologias, produtos, serviços e mercados.
A velocidade com que a informação e o conhecimento são criados e circulam sem fronteiras, potencializa a importância do capital intelectual. As Organizações dotadas de Inteligência Organizacional, estrategicamente apoiadas pela Tecnologia da Informação (TI), certamente serão mais competitivas.
A tendência natural é tentar medir o valor da informação pelo valor acrescentado que esta pode trazer. Um conceito mais amplo e correcto é o custo de oportunidade, neste sentido medir o valor da informação passa a ser um processo semelhante ao de um seguro ou propaganda – “quanto custa não ter”.
São estes os desafios que temos na área da Justiça: o de tentar facilitar o acesso à informação ao cidadão e às empresas e disponibilizar os serviços de que necessitam para lhes facilitar a vida, principalmente, em tempo útil.

Qual o papel do Director de Sistemas de Informação (DSI) numa organização pública, tendo em conta os desafios e obstáculos que a crise financeira trouxe à área de TI?
Mais do que a crise macroeconómica, o que actualmente afecta as organizações é a crise de confiança que está instalada.
É claro que o cenário do mercado dificulta o desempenho de uma série de organizações, mas não nos podemos esquecer que há Organizações a sustentar o seu crescimento graças à capacidade que os seus líderes têm de tomar as decisões correctas num cenário de incerteza.
O papel de um Director de Sistemas de Informação, no actual cenário e adoptando o princípio da racionalidade económica é o de obter o máximo resultado com um dado montante de recursos ou minimizar este montante para obtenção de um determinado resultado.
Neste cenário é crucial tomar as decisões que estão sob sua responsabilidade sem adiá-las.
A crise de confiança costuma levar os gestores ao adiamento de todos os tipos de decisão, desde as pouco importantes até aquelas que definirão os rumos estratégicos para os próximos anos.
Todavia, o custo maior da indecisão de hoje está nas consequências do amanhã, pois a demora na escolha de um caminho faz toda a diferença no momento de executar o que foi tardiamente definido.
É imprescindível provocar o genuíno comprometimento dos colaboradores, algo que se conquista em pequenos gestos de optimismo que se transmitem às equipas e a certeza de que as "crises passam" e todos sobreviverão.
As pessoas estão cansadas do negativismo colectivo instalado e tal estímulo serve para que acreditem em dias melhores e se entreguem à solução dos problemas ao invés de choramingá-los.
Quanto à comunicação, precisa ser firme, segura e clara. Frente a uma crise não há nada pior do que fazer parte de uma equipa que pouco sabe sobre o que está a acontecer e não possui noção alguma do norte que a Organização seguirá.
Além disto, se as notícias não forem positivas, é melhor que as pessoas saibam pela voz de seus líderes e não por conversas de corredor.
Por fim, o líder deve tratar os problemas que realmente importam, delegando a outras pessoas a resolução de questões periféricas.
Crises são oportunidades disfarçadas e, além disto, esta não é a primeira e não será a última crise pela qual as organizações passarão neste início de século.

Os cidadãos procuram cada vez mais soluções e informação “simples e rápida”. Na sua opinião, de que forma é possível dar resposta?
É possível dar essa resposta tornado a informação mais acessível e de forma simples, integrada e fácil. Para o efeito torna-se crucial disponibilizar portais agregadores de informação que possibilitem atingir este objectivo.

A simplificação dos processos implica uma optimização dos recursos? Se sim, de que forma é possível essa optimização?
A simplificação do processo implica claramente uma optimização dos recursos, sejam eles quais forem.
As Organizações servem os seus clientes e utilizadores através de processos que abrangem várias funções.
Se a gestão promover, somente, a melhoria de performance das várias áreas funcionais de per si, os resultados ao nível da Organização nunca serão óptimos. Nesta abordagem, cada função tem tendência a desenvolver os seus próprios objectivos e medidas de performance, conseguindo os seus resultados à custa das outras. Portanto, para se poder melhorar realmente uma organização, a gestão deve focar-se nos seus processos e por consequência na sua optimização.
É muito importante compreender cada um dos processos que percorrem a Organização e determinar qual o seu tipo: Gestão, Suporte ou Primário, pois é esta classificação que influencia a definição dos objectivos de performance a implementar.

Biografia
Carlos Brito é responsável pelo Departamento de Desenvolvimento de Sistemas Informação do Instituto das Tecnologias da Informação na Justiça (ITIJ).
Tendo ingressado na Direcção-Geral dos Serviços de Informática do Ministério da Justiça (DGSI), em 1996, como Técnico Superior de Informática do quadro de pessoal, ocupa desde 2007 a Função de Chefe de projecto na área do Registo Comercial e Pessoas Colectivas no ITIJ.
Foi responsável pela coordenação do projecto de informatização das Conservatórias do Registo Comercial tendo posteriormente liderado vários projectos de sucesso de modernização e simplificação das práticas de Registo Comercial (SIMPLEX).
Desde Maio de 2008 é responsável pelo processo de implementação do FileNet no ITIJ.
É licenciado em Matemática – Área Cientifica, pela Faculdade de Ciências de Universidade de Lisboa, e tem uma pós-graduação em Gestão Avançada e Avaliação de Projectos, pela Universidade Católica.

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