Qual é a composição da vossa frota (número e tipologia)?
Neste momento, temos cerca de 300 carros e são quase todas viaturas de passageiros. São utilizadas pelas forças de vendas e pelos quadros.
Qual a modalidade de gestão que optaram?
Pelo Aluguer Operacional (AOV), em 99% da frota. Desde 1996 que adoptámos esta modalidade, apenas com uma ou outra excepção de carros muito concretos. O AOV permite libertar a atenção do gestor da frota para outras áreas de negócio.
Além disso, é muito importante para nós que somos uma empresa de ocupação nacional. Aí é preciso confiar na rede da própria gestora de frotas. Quando uma operação é muito concentrada é perfeitamente possível controlar, sobretudo, as manutenções a nível local.
O AOV atingiu um grau de maturidade muito grande, mesmo no que toca à constituição da rede nacional de apoio.
Qual é a importância que, ao nível da gestão, atribuem à frota?
A gestão de frota é capaz de me ocupar 30% do tempo. Sou também responsável pelo edifício e pela área de compras técnicas. Claro que existe alturas com picos de actividade ao nível da frota, sobretudo quando fazemos renovação de contratos. Normalmente, optamos por concentrar o processo de renovação da frota, realizando logo cerca de metade de uma assentada.
Que critérios possuem para o fornecimento de serviços de locação? Procuram uma relação directa e privilegiada com marcas específicas e em casos de serviços associados?
Somos muito “clássicos” nos serviços que contratamos às locadoras. Ou seja, optamos pelo financiamento, manutenção para a quilometragem que estimamos para cada carro – o contrato é adaptado à quilometragem individual –, gestão de sinistros, pneus e a questão fiscal. Apenas não optamos pelos serviços especiais/VIP como as viaturas de substituição, etc., que resolvemos pelos nossos próprios meios.
Todos os anos fazemos uma revisão da estrutura da frota, onde ponderamos quais as viaturas que figuram em cada segmento. Na maior parte dos casos, estas são escolhidas e são atribuídas a uma pessoa. E escolhemo-la com base na renda mais baixa que se consegue obter naquele ano. Daí que o utilizador possa vir a ter viaturas diferentes de ano para ano. Temos marcas e fornecedores preferenciais mas nada nos impede de fazer negócios com outros quando é oportuno.
O banqueiro do Deutsche Bank, Pavan Sukhdev, afirmou numa entrevista ao Jornal de Negócios que “a Unilever comprometeu-se, até 2015, utilizar apenas óleo de palma proveniente de fontes certificadas como sustentáveis. As oportunidades de negócio são imensas na economia verde. A revolução tecnológica permite a criação produtos não poluentes e mais baratos.” Concorda com esta opinião? Como vêem a eficiência energética ao nível da gestão de frotas?
O grupo Unilever tem como objectivo assumido a sustentabilidade do negócio, não só em termos de rentabilidade como de ambiente.
A nível da frota, um dos factores que estão na base das nossas opções, é a eficiência das viaturas – claro que, mesmo que não procurássemos, nos últimos anos temos vindo a assistir a lançamentos cada vez mais eficientes. No entanto, globalmente, temos limites definidos de emissões de gases poluentes. Para viaturas de negócio, o tecto é 130 g/km e para as de quadros é de 160 g/km. As nossas médias actuais ficam aquém desses limites (119 g/km e 140 g/km, respectivamente).
Sente que a oscilação constante nos preços dos combustíveis constitui uma oportunidade sem precedentes para os Gestores de Frotas tentarem controlar os gastos?
De facto, de uma forma sub-reptícia. Temos plafonds definidos, há cerca de um ano, para a utilização de uma viatura, conforme a função do condutor. Um ano depois, os consumos são proporcionais ao aumento do preço do combustível, ou seja, desceu cerca de 30%.
No caso das viaturas sujeitas a maiores deslocações e desgaste, têm uma atenção especial na formação dos seus condutores?
De facto, temos utilizações muito díspares: desde os que fazem 20 mil km/ano aos que fazem 90 mil km/ano. Com menos frequência do que gostaríamos, fazemos cursos de condução defensiva, que são oferecidos aos condutores com maior carga horária/quilómetros e mais expostos ao risco.
É muito importante a responsabilização dos condutores e do seu comportamento face à viatura. Convidamos os infractores a comparticiparem com um valor simbólico para que tenham maior cuidado. Esse modelo de franquia já foi implementado há muitos anos e tem sido bastante dissuasor.
Quais as tendências que vislumbra na actividade da gestão de frotas nas organizações?
Há um assunto que está em cima da mesa há pelo menos dez anos e que ainda não evoluiu: a tributação da utilização das viaturas.
Quando a utilização das viaturas passar a ser tributada, como sucede noutros países, não tenho dúvidas que a realidade portuguesa em termos de frotas mudará de forma radical. Nessa altura, aquele que hoje aceita a viatura que lhe é atribuída sem hesitação, passará a ponderar essa opção, uma vez que vão pagar imposto sobre a sua utilização. Depois, tudo dependerá sempre do valor da tributação, da sua abrangência no parque da empresa, se incidirá, como sucede como Reino Unido, sobre os quilómetros precisos em que a viatura é utilizada a título particular.