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#40 | NOVEMBRO 2010
FRANCISCO TEIXEIRA
Chefe de Divisão Municipal de Equipamento Rolante da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira
"A nossa frota pouco ou nada tem aumentado em número de unidades"

Como é composta a frota da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira?
No total são 107 unidades. Os ligeiros representam metade, entre utilitários, todo-o-terreno, pick-up’s e furgões de nove lugares. Neste segmento destacamos quatro carrinhas licenciadas para o serviço de transportes escolares e dois ligeiros híbridos.
Os pesados são 33 unidades, onde se incluem seis camiões de apoio a obras e serviços gerais e três autocarros. A recolha de resíduos sólidos é assegurada pela Câmara, que para esse serviço conta com 24 unidades, das quais 15 são viaturas com superstrutura para recolha de indiferenciados. No parque de máquinas temos retroescavadoras, dumperes, cilindros, empilhadores, etc., num total de 16 equipamentos, a que ainda se acrescentam três tractores agrícolas.

Que modalidades de aquisição estão associadas à vossa frota? Quais os critérios de selecção das viaturas?
Para incorporar ligeiros temos privilegiado, nos últimos anos, a opção pelo Aluguer Operacional [AOV]. Há pressupostos que estão na origem desta opção, nomeadamente a necessidade de distribuição e controlo dos custos e a garantia de disponibilidade da viatura. São pressupostos que devem ser continuamente repensados, para avaliar se ainda continua a ser, e em que circunstâncias, a modalidade mais vantajosa.
Parte dos pesados de recolha de resíduos, nomeadamente as viaturas a gás natural, têm sido adquiridos no âmbito de grandes concursos públicos promovidos pela Valorsul.
Num passado recente, tanto para ligeiros como para pesados, recorríamos bastante aos contratos de aprovisionamento público promovidos pela Direcção Geral de Património. Presentemente, após as alterações legislativas nessa área, preferimos desenvolver os nossos próprios procedimentos de aquisição.
Na selecção de equipamentos, não sendo introduzido nenhum elemento de decisão particular (opção pelo híbridos, combustíveis alternativos, etc.) o preço constituiu um factor preponderante. Quando se trata de aquisição directa e não aluguer operacional, ou seja, quando se prevê que a autarquia fique a operar a viatura por muitos e bons anos, pesa também a sensibilidade quanto à fiabilidade e durabilidade. Como o benchmarking não está suficientemente desenvolvido nestas áreas específicas, um bom critério para afinar essa sensibilidade é o histórico da nossa frota e o “deitar o olho” à frota do vizinho. É natural vermos os mesmos modelos de viaturas fazer história na maioria das autarquias. Recordo as famosas 4L, os todo-o-terreno Nissan Patrol, e a situação dos pesados, em que duas marcas dividiam praticamente a totalidade do mercado.

Tem havido uma preocupação com a renovação da frota, nas diferentes tipologias de veículos, de modo a melhorar a sua idade média?
A preocupação existe, embora do ponto de vista do gestor de frota, a renovação esteja sempre aquém do que ele gostaria. No cenário de contenção orçamental que vivemos, creio que a filosofia dos municípios passará pela racionalização, ou seja, tentar fazer o mesmo com menos recursos, neste caso, com menos carros. No caso de Vila Franca de Xira essa é uma opção há vários anos: a nossa frota pouco ou nada tem aumentado em número de unidades.
Contudo, temos registado melhorias no controlo do envelhecimento do parque. A média de idade nos ligeiros é apenas 6,5 anos, em resultado da opção pelo AOV que representa já mais de metade das unidades nessa tipologia. Isso não quer dizer que não subsistam ainda viaturas demasiado envelhecidas, com 15 ou mais anos, que é urgente retirar de circulação.
A média de idades nas viaturas afectas à recolha de resíduos e limpeza urbana (frota ambiente) é de sete anos. Considero que estamos a evoluir satisfatoriamente: nesse parque temos apenas seis viaturas abaixo de Euro 3 e prevemos desafectar duas delas já no próximo ano.

De acordo com as especificidades e a própria diversidade de uma frota municipal, que desafios se colocam na sua exploração em termos ambientais? É possível conciliar a racionalização de custos com a adopção de medidas ambientalmente sustentáveis?
O desafio que se coloca a uma frota municipal é o mesmo que se coloca a todas as áreas de actividade públicas: como responder ao máximo das necessidades com o mínimo desperdício.
Os problemas ambientais preponderantes que derivam da exploração de frotas são o consumo de combustível e a poluição atmosférica associada. Estes problemas resolvem-se (ou atenuam-se) com racionalização da utilização e substituição das velhas relíquias por viaturas novas.
Diminuir os quilómetros percorridos e operar viaturas mais fiáveis e com menores custos de manutenção é economicamente vantajoso. Ou seja: no actual cenário económico e legislativo, as soluções preconizadas para a melhoria ambiental são simultaneamente as melhores soluções do ponto de vista económico.

Considera que deve caber às autarquias o papel de dar o exemplo na introdução destas viaturas amigas do ambiente na sua frota?
Tenho algum receio do que nos pode trazer esse género de atitude, se não pesarmos devidamente todas as implicações. Como ponto de partida prefiro considerar que se algo não é bom para um operador privado, em termos de custos e benefícios, dificilmente o poderá ser para um operador público. Muitas vezes é o excesso de voluntarismo bem-intencionado que nos conduz a todo o tipo de défices. Temos um exemplo paradigmático no caso da produção de electricidade: para favorecer a implementação das renováveis, todos pagamos a factura eléctrica muito mais cara.
Na minha opinião, as autarquias, que gerem o dinheiro de todos nós, devem ponderar muito bem se as suas opções, lógicas do ponto de vista dos benefícios sociais e ambientais, também o são relativamente ao enquadramento financeiro.
Vivemos tempos de fazer e esgrimir as contas a cada passo. Cada vez se fazem mais comparações, entre operar a partir de entidades públicas ou entregar essas responsabilidades a privados e concordo que se façam comparações: a solução a adoptar deve ser a mais eficaz e a mais económica em cada caso. Mas claro que os benefícios sociais e ambientais têm de entrar nas comparações: uma autarquia não pode adquirir um autocarro protótipo híbrido, por exemplo, e depois ser criticada porque um privado consegue fazer o transporte dos passageiros por um quinto do custo com autocarros de 20 anos.

* Complete a leitura desta entrevista na edição de Dezembro da revista Intra Gestor de Frotas

Biografia
Francisco Manuel da Piedade Teixeira é bacharel e licenciado em Engenharia Mecânica pelo Instituto Superior de Engenharia de Lisboa. Desempenha funções de responsável pela frota da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira desde 1998. Desempenhou idênticas funções na Câmara Municipal de Loures entre 1993 e 1994.

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