Como é composta a frota dos Serviços Municipalizados de Transportes Colectivos do Barreiro (SMTCB) e qual a sua tipologia?
Neste momento temos 68 viaturas urbanas e oito de turismo. Dentro da tipologia da frota urbana temos incluídos seis mini-autocarros e cinco autocarros midi. Os restantes são standart [12 metros], à excepção de dois que são viaturas articulados [18 metros].
Quais os critérios de selecção das viaturas?
O principal critério é o de que não queremos ter várias marcas, porque isso traz custos acrescidos, que passam pelo custo de formação dos mecânicos e do pessoal. Assim há uma pequena concorrência, mas não uma panóplia de marcas.
A esse custo acrescido que implicaria diversificar as marcas adquiridas está inerente o facto da manutenção ser feita nas instalações?
Sim, a manutenção é feita com a prata da casa.
Um dos principais desafios que se coloca ao gestor de uma frota com as características dos SMTCB é a sua renovação, com o objectivo de conseguir melhorar a sua idade média, mesmo porque manter operacionais viaturas mais antigas tem maiores custos. Esse princípio fundamental é exequível com a aquisição de viaturas mais ecológicas?
É possível e é precisamente isso que nós temos feito. Todas as viaturas que adquirimos desde 2007 são viaturas EURO V, todas elas vêm com uma motorização mais amiga do ambiente, com menores emissões de partículas e de CO2, etc. Temos essa preocupação ambiental e até poderíamos ter ido mais longe. Em 2006, houve um concurso para a aquisição de seis mini-autocarros em lotes de três e realmente, nesse ano, estávamos a apostar em viaturas a gás natural, mas não houve propostas. Não foi encarada essa possibilidade pelos fornecedores e tivemos, obrigatoriamente, que optar pelo diesel. Não é com a aquisição em média de dois a três autocarros por ano que conseguimos fazer um investimento no gás natural, que acarreta outros investimentos muito avultados, como o próprio posto de abastecimento. Com esse número de autocarros nunca teríamos retorno desse investimento no curto prazo. Infelizmente não temos capacidade de comprar mais autocarros, o ano passado foi uma excepção, porque conseguimos muitos subsídios para renovar.
Tendo existido propostas para o fornecimento daquelas seis viaturas, aí teriam que considerar a criação de um posto de abastecimento nas vossas instalações…
Depois da aquisição desses seis autocarros, entretanto, já foram adquiridos mais dez, portanto, aí já estaríamos a falar de um terço da frota e, possivelmente, continuaríamos a apostar no gás natural. Faríamos o volte-face.
Os SMTCB já procuraram alternativas para substituir os veículos movidos a combustíveis fósseis, mas o que se assiste por vezes é a algum cepticismo por parte dos gestores de frotas em relação a elas. Essa posição tem razão de existir?
Penso que não. Entre os motores a gás natural ou a diesel não há grandes diferenças. As diferenças residem nos custos de manutenção e, realmente, os custos de um motor a gás natural são mais elevados, mas o custo do combustível acaba por compensar, porque o gás natural é muito mais barato. Depois temos que analisar as externalidades, porque o gás natural é, quer queiramos quer não, o combustível que menos polui. Não encaro com cepticismo, lamento é que não haja mais aposta no gás natural.
Sendo os TCB uma empresa municipal, considera que existe uma pressão acrescida no sentido de dar o exemplo na introdução destas viaturas amigas do ambiente na sua frota?
Sim, julgo que sim, o sector público tem essa obrigação de mostrar o caminho. Sendo um serviço municipalizado, não deixamos de ter essa obrigação e até de servir como exemplo para que os operadores privados apostem nas energias alternativas e que tenham esta preocupação ambiental.
* Complete a leitura desta entrevista na edição de Dezembro da revista Intra Gestor de Frotas
Biografia
Formado em 2001, pelo Instituto Superior Técnico, em Engenharia Mecânica, ramo de Produção, Nuno Ferreira é, desde Abril de 2005, técnico superior responsável pela coordenação da Divisão de Exploração dos SMTCB, tendo, entretanto, assumido, em Dezembro de 2008, a função de Chefe daquela Divisão. Participou nos projectos Europeus ACFER, TRAMO e FLEXIS, da iniciativa comunitária Interreg IIIC, bem como no projecto Europeu PICAV do 7º Programa Quadro de apoio comunitário aos transportes e no projecto “Linha Azul”, co-financiado pelo QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional).