O simulador energético CasA+, implementado na ADENE em 2009, conta com uma nova versão, que estará presente no Pavilhão de Portugal na Expo Shanghai 2010. Que inovação traz esta nova versão e que benefícios acrescenta à Administração Pública?
Esta nova versão do simulador foi adaptada para permitir a simulação energética de edifícios em território chinês e aumentamos o número de idiomas disponíveis para simulação, passando esta versão a ter disponível o português, inglês, francês, espanhol, alemão e mandarim. A nível nacional a inovação está no conceito da mobilidade eléctrica, Mobi.e, no qual é dado a conhecer ao utilizador as vantagens do carro eléctrico.
Quais as principais funcionalidades inerentes a esta aplicação?
Este simulador baseia-se no Decreto-Lei nº78/2006 que cria o sistema de certificação energética e da qualidade do ar interior em edifícios (SCE) e pretende dar a conhecer ao público a forma como é atribuída a cada casa portuguesa uma classe de desempenho energético à semelhança do que já acontece com os electrodomésticos. Nesta aplicação são formuladas algumas questões ao utilizador tais como, o tipo de habitação, moradia ou edifício, ano de construção, área da casa, entre outras, pelo que este vai “construindo” a sua casa até determinar a classe energética. No final, o utilizador pode experimentar outras soluções para melhorar o desempenho energético da sua casa, bem como experimentar soluções de mobilidade eléctrica.
Pode enumerar o que esta tecnologia fez pela ADENE, especificamente?
O simulador de desempenho energético de edifícios insere-se na campanha de divulgação do SCE, permitindo divulgar de forma massificada o sistema. Tem sido uma ferramenta bastante apelativa e útil para passar a mensagem da eficiência e certificação energética das habitações.
Que importância atribui ao aprofundamento das políticas de eficiência energética na Administração Pública?
Como os edifícios do Estado consomem um elevado nível de energia, qualquer alteração poderá ter impacto na factura energética do país, daí a necessidade de analisar os imóveis do stado. Existe também o carácter exemplar que estes edifícios podem ter, num contexto de credibilidade e incentivo à prática da eficiência energética pelos cidadãos.
Consegue fazer uma análise comparativa entre o desenvolvimento destas políticas em Portugal e no estrangeiro?
O SCE tem por base uma directiva europeia, pelo que todos os países têm de adoptar estratégias semelhantes para atingir os objectivos traçados ao nível da eficiência energética nos edifícios, mas Portugal está na linha da frente no que se refere a estas políticas. Somos já tidos como exemplo a seguir na forma como esta legislação comunitária pode ser aplicada, na prática e no terreno, nos vários Estados-Membros.
Que outro tipo de investimentos acha que deveriam/poderiam ser feitos em I&D para o desenvolvimento das TIC para eficiência energética, no sector público?
Contadores inteligentes para monitorizar constantemente os consumos energéticos e desencadear mecanismos que permitam uma redução destes. A monitorização de consumos e a gestão activa da utilização de energia podem ter um impacto muito significativo na factura energética associada aos nossos edifícios. Também na vertente comportamental, com a adopção de novas práticas relacionadas com a comunicação e partilha de informação utilizando as TIC, podem permitir poupança de energia e custos com deslocações e armazenamento.
Qual a sua posição relativamente à possibilidade do estabelecimento de parcerias com empresas privadas para dotar as organizações com equipamentos, transportes, etc., que aumentem a sua eficiência energética?
Na linha da resposta anterior, podem ser efectuadas parcerias com as empresas privadas que façam auditorias energéticas e tracem metas para reduzir consumos com base na análise mensal das facturas energéticas. No que se refere aos equipamentos e transportes, poderão ser feitos acordos com empresas que forneçam equipamento eficiente e que possam retirar algum retorno da visibilidade que essa situação possa ter.
Na sua opinião, em que difere o desenvolvimento da eficiência energética na Administração Central e Local? Há ou deveria haver algum tipo de complementaridade?
Se nos basearmos no Plano Nacional de Acção para a Eficiência Energética, existem muitas acções que podem ser desencadeadas conjuntamente, no entanto, é necessário analisar caso a caso e verificar as especificidades de cada autarquia. Há, obviamente, uma questão de escala, com as soluções na Administração Central a assumirem carácter estruturante, ao passo que as da Administração Local serão mais próximas da realidade e dia-a-dia do cidadão, mais específicas em caso. Nesse contexto, complementam-se. E ambas as administrações estão cada vez mais atentas e sensíveis a esta questão.
Que planos a médio/longo prazo existem ao nível da procura por uma maior sustentabilidade, por parte da ADENE?
A sustentabilidade insere-se dentro das políticas da ADENE, sendo evidência desta situação o Plano Nacional de Acção para a Eficiência Energética no qual a ADENE participou e que estabelece como meta a alcançar até 2015, a implementação de medidas de melhoria de eficiência energética, equivalentes a 10% do consumo final de energia, abrangendo 4 áreas especificas: transportes, residencial e serviços, indústria e estado. O PNAEE é um dos instrumentos centrais da Estratégia Nacional para a Energia 2020 e está actualmente a ser revisto com objectivos para aquela meta temporal, reforçando o seu contributo para uma maior sustentabilidade da actividade e desenvolvimento económico do país.
Nota: Poderá aceder à versão integral desta entrevista na edição de Julho da revista Interface Administração Pública. Solicite-a através do e-mail