Caso não consiga visualizar correctamente esta edição electrónica clique aqui
# 123 | 26 de Janeiro 2007
         
 



Livia Tirone
“As áreas em que existe consenso científico são exactamente aquelas em que os políticos podem actuar sabendo que a adesão dos cidadãos será elevada”

 

Parece dar muita importância à intervenção por parte do cidadão na definição de estratégias energético-ambientais. As autarquias deveriam considerar de outra forma as opiniões dos seus eleitores?
Efectivamente, é extremamente importante envolver todos os cidadãos na definição do seu próprio futuro, e isto apenas poderá acontecer de forma positiva e integrada, quando o cidadão está informado sobre como pode efectivamente contribuir para um futuro com maior qualidade de vida um número cada vez maior de pessoas. Muitas acções lançadas pelas Câmaras Municipais conseguem envolver os cidadãos – especialmente quando essas acções abordam necessidades já presentes na consciência dos cidadãos e apresentam oportunidades para a satisfação das mesmas.

Com um poder executivo limitado, que possibilidade vê a Lisboa E-Nova de ver cumprido o Plano Municipal do Ambiente, o da Construção Sustentável e o da Mobilidade Sustentável?
Em primeiro lugar terá a Lisboa E-Nova que coordenar a elaboração destes planos que se inserem no âmbito da Estratégia Energético-Ambiental para Lisboa. De seguida, serão estes Planos e as Metas de Desempenho Energético-Ambiental (lançadas na Conferência promovida pela Lisboa E-Nova em Dezembro de 2000) assumidos pelas entidades competentes à escala local mas também à escala regional, e serão essas entidades a integrar e impor as medidas relevantes. Para além do poder de intervenção dos seus Associados, a Lisboa E-Nova utilizará o seu poder de comunicação e de contaminação (pela positiva) para disseminar entre os cidadãos tantas quantas possíveis das boas práticas consensuais entre os especialistas.

Que grau de independência acha que deveriam ter este tipo de agências?
Se a dependência implícita na pergunta é aquela que existe entre as Agências de Energia e as Câmaras Municipais, penso que deve também entender que esta mesma dependência é também o garante de uma boa capacidade de implementação de medidas consensuais. A independência de interesses de mercado tem certamente de existir a todos os níveis, mas a implementação de uma medida que ignora o mercado nunca poderá ter sucesso, e neste sentido, a aderência dos actores económicos aos projectos propostos pelas Agências de Energia é sempre um bom indicador para o sucesso de cada medida proposta e de seguida lançada.

De que forma é possível um consenso entre as comunidades política e científica?
As áreas em que existe consenso científico são exactamente aquelas em que os políticos podem actuar sabendo que a adesão dos cidadãos será elevada. Na experiência da Lisboa E-Nova, é exactamente nos consensos que as comunidades políticas e científicas se encontram.

A matriz energética, de materiais, a caracterização da qualidade do ar e a matriz de água são ferramentas de auxílio à decisão ou são pontos de partida que podem despoletar decisões?
As matrizes, desenvolvidas no âmbito da Estratégia Energético-Ambiental de Lisboa, que registam os fluxos que a cidade cria, devem ser entendidas como uma fotografia do desempenho da cidade num dado momento. O que estas matrizes permitem é uma identificação das áreas prioritárias de intervenção para a melhoria do seu desempenho e, ao intervir, uma avaliação objectiva, transparente e quantificada dos resultados de cada intervenção. Respondendo à sua pergunta, as matrizes permitem definir Planos de Acção nas diversas áreas que têm impacto sobre o desempenho energético-ambiental da cidade – podendo assim fundamentar decisões bem como indicar novas áreas de intervenção.

Como definiria a qualidade de vida numa cidade?
Lanço um cenário do contexto urbano que considero ser desejável do ponto de vista da sustentabilidade e da qualidade de vida numa cidade: tudo o que preciso no dia a dia suficientemente perto de mim para poder ir para o trabalho, levar as crianças à escola, ir às compras e voltar para casa a pé, ou com transportes públicos confortáveis e que não demorem muito tempo; Um bairro com vida (algum ruído e diversidade de cores texturas…) durante todo o dia e mesmo à noite, no qual passeio com à vontade e segurança; Uma casa confortável, silenciosa (quando fechamos as janelas) e com boa qualidade do ar interior, na qual encontro harmonia e serenidade; Vizinhos de todas as idades e nacionalidades com os quais me sinto à vontade para interagir. Uma cidade multifuncional! Lisboa tem muitas áreas que, algumas das quais com algum investimento, encaixam nesta definição.

Biografia
Administradora delegada da Lisboa E-Nova – Agência Municipal de Energia e Ambiente de Lisboa, desde Junho de 2004. Entre 2000 e 2005, presidiu ao grupo de trabalho na área de Arquitectura Sustentável do Conselho dos Arquitectos da Europa, depois de ter fundado uma das primeiras promotoras imobiliárias em arquitectura bioclimática, a Tirone Nunes. Presidiu, em 2003, a convite da Comissão Europeia (CE), ao grupo de trabalho “Construção Sustentável”, do qual saíram as recomendações utilizadas para formular o “6th Environmental Action Programme”, da direcção-Geral do Ambiente da CE. A Lisboa E-Nova é o organismo que define a estratégia Energético-Ambiental da cidade.

 
 
 
 
 

SUBSCRIÇÃO/CANCELAMENTO
SITE

 

 
Edição Design Luís Silva Produção Ricardo Melo Publicidade
 
Esta mensagem está de acordo com a legislação Europeia sobre o envio de mensagens comerciais: qualquer mensagem deverá estar claramente identificada com os dados do emissor e deverá proporcionar ao receptor a hipótese de ser removido da lista. Para ser removido da nossa lista, basta que nos responda a esta mensagem colocando a palavra "Remover" no assunto. (Directiva 2000/31/CE do Parlamento Europeu; Relatório A5-270/2001 do Parlamento Europeu).