O Arquivo Municipal de Constância é o primeiro arquivo português a formalizar a adesão à Rede Portuguesa de Arquivos e ao Portal de Arquivos. Quais foram os principais objectivos desta iniciativa?
O Arquivo foi inaugurado no dia 10 de Junho de 2009, que, como todos sabemos, é o dia de Portugal e de Camões. Pareceu-nos interessante fazer coincidir a comemoração do 1º. Aniversário com a adesão à Rede Portuguesa de Arquivos. Tudo isto poderá ter um duplo significado, sabendo nós a forte ligação que existe entre o poeta e Constância, onde aliás se situa a sede da Associação Casa Memória de Camões. Esta estratégia integra um núcleo de interesses e desafios comuns, objectivando um claro esforço de inovação, qualidade, normalização e uniformização das metodologias e técnicas de trabalho em prol de uma maior abertura dos arquivos, enfatizando o acesso à informação, nomeadamente, fazendo uso das potencialidades que as tecnologias da informação e comunicação (TIC) nos disponibilizam.
Quais as principais vantagens que desta adesão para o município de Constância?
As vantagens, se as houver, têm que ser analisadas em relação ao impacto que tudo isto pode provocar nas condições de acesso ao acervo documental por parte das pessoas em geral. Nós não estamos a criar uma estrutura que se irá preocupar somente com os investigadores e intelectuais. O nosso objectivo principal é fomentar e desenvolver o sentimento de pertença de toda a população constanciense em relação ao Arquivo Municipal! Para que cada um sinta que a sua memória colectiva está a ser preservada.
Que importância atribui à assinatura deste protocolo?
Hoje em dia, o acesso ao conhecimento está bastante democratizado, muito por culpa do desenvolvimento das TIC. A imagem de que o conhecimento se encontra “encafuado” dentro das paredes dos estabelecimentos de ensino e similares está desadequada. Cada um de nós pode, a partir de sua casa, desenvolver e aperfeiçoar o seu conhecimento em todas as matérias. O funcionamento em rede das organizações facilita bastante a consulta e o acesso ao conhecimento. Por isso mesmo considero que a criação do Portal Português de Arquivos foi uma ideia brilhante uma vez que irá agregar e sistematizar a informação, tornando bastante facilitado o acesso às fontes.
No âmbito deste protocolo, o município prevê a criação de cursos via profissionalizante, no concelho, para as áreas de técnicas de documentação e arquivo. Quais os principais objectivos inerentes à criação destes cursos? De que constam os seus conteúdos programáticos?
A Escola Secundária de Constância apresentou um projecto junto do Ministério da Educação para criação de curso nas áreas da documentação e Arquivo. O que temos previsto é a celebração de um Protocolo de Cooperação com a Escola com vista a facilitar a organização de estágios e trabalhos de grupo, por parte dos alunos que frequentem o referido curso. Por outro lado, pretendemos que esse Protocolo possa abranger outras áreas, mormente no que se refere ao desenvolvimento de actividades extracurriculares para o conjunto da população escolar. O objectivo principal é criar hábitos de leitura e de investigação da história local, a fim facilitar e desenvolver o conhecimento generalizado da memória do Concelho, e, por outro lado, permitir o aparecimento de estudos académicos sobre diferentes temas e assuntos ligados a Constância.
Com a referida adesão, os arquivos e documentos vão para a casa das pessoas, rompendo-se o tradicional conceito de investigação. Como se processa esta funcionalidade? Que lacunas vem preencher em relação ao processo tradicional?
Somos uma organização jovem que tenta acompanhar as melhores práticas e utilizar as tecnologias mais adequadas. Por isso mesmo estamos a fazer um esforço para dispormos de equipamentos e aplicações informáticas modernos, que permitam ter acesso à documentação mais importante através da Internet, quebrando barreiras físicas e geográficas e alargando o leque de potenciais utilizadores. É para nós claro que o sucesso competitivo do Arquivo Municipal se foca na supressão das necessidades e expectativas informacionais do “cliente”/utilizador que tendencialmente estará deslocalizado. Para tal torna-se essencial a criação das ferramentas necessárias que permitam ao utilizador da forma mais autónoma possível a realização das suas pesquisas. A Rede Portuguesa de Arquivos ao criar um ponto central e privilegiado de acesso à informação arquivística, como o Portal Português de Arquivos, contribui decisivamente para o incremento das condições de acesso à informação.