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#169 | SETEMBRO 2009
ISABEL VIEGAS
Directora de Recursos Humanos do Banco Santander Totta
"Os profissionais da banca têm de evoluir de comerciais puros para comerciais consultores"

Num contexto de forte contenção de recursos, e sendo o Santander um dos principais players, como avalia o impacto da crise na gestão do capital humano da banca?
O facto de termos um sector bancário muito assente no retalho protege-nos, em Portugal, dos grandes "abalos" que o sector financeiro mundial está a atravessar. E esta realidade é visível, em termos de recursos humanos, pelo facto de, no nosso país, o sector estar a conseguir manter os níveis de empregabilidade. A grande mudança deu-se, claramente, na redução da rotatividade de profissionais no sector, realidade que vinha a marcar os últimos tempos antes da crise e que criou, aliás, distorções relevantes a nível dos salários.

E no vosso caso?
O Santander tem tido, ao longo dos anos, uma estratégia muito consistente, de uma eficiência reconhecida, que se mantém, mesmo em tempo de crise. Acreditamos que o nosso modelo de negócio é sustentável e produz riqueza para todos os stakeholders. Isto quer dizer, aplicado à nossa gestão de RH, que é intenção manter o talento que temos connosco e continuar a reforçar (eu diria, agora de modo mais pontual) as nossas equipas quando necessário. As apostas que fizemos nos últimos anos na admissão de jovens recém licenciados vai continuar: é ela que nos garante o rejuvenescimento e as novas competências que o negócio carece. Em suma, gerir o nosso talento continua a ser, como antes da crise financeira, o foco da gestão RH que fazemos no Santander.

Face a essa estratégia consistente e à condicionante da crise, que tipo de perfis são, nesta fase, cruciais?
Temos a consciência clara que os profissionais da banca têm de evoluir de "comerciais puros" para "comerciais consultores". Esta alteração exigirá que ganhem uma visão mais alargada do que compõe o negócio bancário, saibam estruturar operações mais complexas, costumizar produtos aos clientes, etc. E estes serão os perfis mais procurados na banca.
No nosso caso, estamos a reforçar esta visão há já algum tempo: as nossas práticas nos últimos anos passam por atrair jovens talentos, com boa formação de base e prepará-los internamente com estes perfis, bem como formar a nossa larga equipa comercial nestas novas competências.
O tema da retenção ultrapassa a contingência da crise: mantêm-se bons colaboradores quando lhes damos um projecto interessante, funções desafiantes, liderança moderna e uma compensação cada vez mais transparente e baseada no mérito.
Estes são os fundamentos da Gestão RH no Santander, a par das oportunidades que criamos internamente e que impulsionam as carreiras dos nossos profissionais, bem como das oportunidades internacionais – que o facto de estarmos presentes em mais de 40 países nos permite ir gerando. Os Programas de Intercâmbio Internacional de curta duração (4 meses) que estamos a dinamizar este ano são uma das faces desta vantagem, para além de um poderoso instrumento para disseminarmos boas práticas em todo o "mundo Santander".

Um dos aspectos essenciais em tempo de crise é naturalmente a comunicação interna, no sentido de injectar confiança e motivação; outro serão acções de formação mais orientadas para o ajustamento estratégico global. Quais são os pilares na GRH em 2009?
São dois temas que têm merecido da nossa parte um enorme investimento. Manter o ânimo das nossas equipas, assegurar que o contributo de cada um continua a ser muito importante para o nosso resultado final e comunicar as vantagens de trabalhar num grande grupo como o nosso, têm sido os vectores da comunicação interna que temos incrementado nos últimos 2 anos. O Programa Santander És Tu, que criámos em 2007, é a expressão dessas mensagens. Ainda em Junho vivemos a Semana Santander És Tu, onde o envolvimento dos nossos colaboradores em torno de iniciativas como o Dia do Colaborador, o Dia da Saúde e do Bem-Estar ou o Dia Solidário foi notório.
A par da comunicação com as nossas equipas, a formação tem merecido um impulso estratégico: aproveitar os anos da crise para fortalecermos as nossas competências e desenvolver os nossos talentos permitir-nos-á sair da crise mais preparados e mais fortes. É por isso que reforçámos os recursos para programas de formação, corporativos ou nas melhores escolas de negócios do mundo. E temos "escolas" dentro do universo Santander, para que o conhecimento que possuímos grupo se desenvolva e reproduza – que abrange desde os administradores e gestores de topo aos profissionais das mais variadas áreas. Temos ainda um Programa de Conferências mensal com personalidades de craveira mundial (ex: Jack Welsh, Kotler), que reforçam as "capacidades" globais e multidisciplinares dos nossos quadros.

Esta crise representa um forte abalo no modelo anglo-saxónico, paralelamente a uma ascensão dos emergentes, nomeadamente asiáticos, cuja organização e gestão de RH é bastante distinta. Como é que isto influencia o futuro, na perspectiva dos vários stakeholders?
São modelos, de facto, muito distintos. Eu diria que aos asiáticos vamos ter que ir buscar, seguramente, os princípios da produtividade, qualidade e eficiência. E também uma boa dose do esforço que os caracteriza. Estas práticas são tão relevantes para os gestores, que terão sobretudo de encontrar as vias para a produtividade, como para os profissionais ou recrutadores. E eu diria que o nosso sistema de ensino também beneficiaria se olhasse para o que se faz nos países asiáticos, sobretudo pelos níveis de exigência que são colocados no processo de aprendizagem.
O Santander Totta já há muito que tem interiorizado estes princípios. Temos o melhor rácio de eficiência da banca e uma equipa coesa e comprometida. Por isso voltámos este ano (pela 8ª vez consecutiva) a ser reconhecidos pela Revista Euromoney como o Melhor Banco de Portugal.

Biografia
Isabel Viegas, Mestre em Políticas e Gestão de Recursos Humanos (ISCTE), Licenciada em Psicologia (ISPA), Directora Coordenadora de Recursos Humanos do Grupo Santander Totta. Professora Assistente em Gestão de Recursos Humanos e membro do conselho estratégico para a formação de executivos na Faculdade de Economia da Universidade Católica Portuguesa.

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