Como é entendido, hoje, o conceito de responsabilidade social?
É uma designação que se resolveu adoptar para designar um conjunto de preocupações que as instituições têm ou deverão ter, pelo facto de pertencerem a uma comunidade, prestarem serviço a uma comunidade e desenvolverem uma actividade. A palavra responsabilidade advém do próprio ser humano enquanto cidadão.
O que é ser responsável?
É respeitar as pessoas com quem se trabalha e contacta, ter relações de ética e transparência com os fornecedores e o mercado de actuação. É um pequeno conjunto de regras e códigos de conduta e boas práticas que gerem o sector e a nossa vida em sociedade. Todas as empresas que estão no mercado não têm alternativa: ou são responsáveis, e cumprem um conjunto de regras e princípios, ou saem de cena porque o mercado e as pessoas não perdoam quem não é responsável. Isto é um reflexo de como a sociedade e as pessoas, em geral, exigem de si próprias e dos outros.
Quais são as áreas mais importantes que a CGD apoia, nesta matéria?
A Caixa, começa, desde logo, com as pessoas que trabalham cá. Em termos de comunidade, a CGD é um banco universal, que tem uma preocupação acrescida em cumprir com rigor na forma como actuamos. De alguma forma, as pessoas sentem que a Caixa é delas - visto que existe quase um sentimento de posse aos destinos da instituição. Isso tem-se verificado várias vezes, dado que tem sido chamada a resolver uma série de questões, não só económicas, mas também sociais. A própria Caixa é uma instituição solidária.
Como escolhem os projectos?
Nós não fazemos escolhas - considero que essa é uma palavra muito forte. Todas estas iniciativas destinam-se a ajudar o próximo e tentamos procurar as que sejam sustentadas a longo prazo. Há outros casos, também, de situações mais urgentes e pontuais em que as instituições estão aflitas, e nós procuramos ajudar. Para isso, temos ferramentas, nomeadamente, um fundo que criámos que é o Caixa Fã, ao qual há uma dotação. Já temos receitas de parte para esse fundo, mas é uma forma de tentarmos disciplinar a nossa selecção e as situações. Para não chegarmos a uma determinada altura e não termos fundos, tentamos, de alguma forma, seleccionar iniciativas e o fundo Caixa Fã foi criado com esse intuito. O Fundo Caixa Fã - mais a parte de receitas do Cartão Caixa Fã - permite-nos ter cerca de 500 mil euros por ano, que na prática é uma bolsa que se destina a apoiar iniciativas sociais. Começou também por ter acções de índole ambiental, mas, neste momento, nós temos o programa Caixa Carbono Zero que tem um orçamento próprio e é daí que gerimos todas as questões desta área. No domínio cultural, temos uma noção perfeitamente estruturada onde e como podemos apoiar. Aliás, a Caixa é uma das marcas mais associadas à cultura. Apoiar a cultura é apoiar também a nossa identidade.
Quais os próximos desafios a ultrapassar nesta matéria?
Acho que, enquanto pessoas, vamos exigir mais transparência das organizações. Ao nível da justiça social, hoje em dia, como estamos num determinado nível de conforto e bem-estar, custa-nos ver situações mais gritantes do que poderiam ser se tivéssemos um nível de vida menos confortável. Somos mais sensíveis. Quando todos tínhamos pouco, éramos sensíveis, mas não havia um fosso tão grande. Nesse sentido, a justiça social ganha um novo sentido, que não é político mas social. Este vai ser um grande desafio: a justiça social e a solidariedade com o próximo. No fundo, tudo isto faz parte de uma visão sustentável do Mundo. Só vamos conseguir estar aqui se todos estes valores estiverem na nossa atitude diária. Não podemos travar o desenvolvimento, em prol das decisões a curto prazo. Somos responsáveis pelo futuro.
Veja a entrevista completa na revista Interface Banca&Seguros
Biografia
Licenciada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa em 1986. Pós-graduada em Estudos Europeus e em Direito da Informação e Comércio Electrónico, com MBA da Universidade Católica Portuguesa e mestrado em Ciências Políticas e Relações Internacionais da mesma Universidade. Em 1987, inicia a sua carreira no Banco de Fomento e Exterior. Em 1988, ingressa na Ernst & Young. Exerceu também advocacia em escritório próprio. Em 1990, é membro do Conselho Geral da Sociedade Tipográfica e, em 1991, assume a direcção da Revista Valor. Em 1997, é assessora do Prémio Anual de Excelência do IPQ e, em simultâneo, coordena as áreas de qualidade e canais de distribuição do Banco Nacional Ultramarino. Em 2000, ingressa na Caixa Geral de Depósitos como coordenadora da área de comércio electrónico B2B. Em 2003, assume a direcção de Marketing e, em 2006, a Direcção de Comunicação e Marca, cargo que exerce actualmente.