Qual é a missão e os valores da Critical Software?
A nossa missão assenta no fornecimento de soluções de engenharia de software, inovadoras e fiáveis, para o suporte a sistemas críticos. Se há algo que se manteve desde 1998, ano de início da Critical Software, é o conjunto de valores que, nessa altura, elegemos para nos guiar: Visão Global, Qualidade, I&D, Reinvestimento e Crescimento, Pessoas e Comunidade. Conseguimos que esses valores se constituíssem como parte importante do nosso ADN e que comandassem, com precisão e com rigor, o nosso caminho.
Que serviços fornece a empresa, na área das Tecnologias de Informação?
Nos dias de hoje, a falha de um sistema de TI crítico pode prejudicar irremediavelmente a rentabilidade e imagem de empresas e organizações. Nós desenvolvemos soluções de engenharia informática orientadas à missão e ao negócio, que asseguram o suporte a sistemas críticos, fornecendo ferramentas de software que protegem os indivíduos, monitorizam a segurança dos equipamentos e garantem que estes processos são conduzidos de forma segura e eficiente. Do sector aeroespacial à defesa e segurança do território, passando pela indústria, telecomunicações, energia e sector financeiro, os clientes dependem da Critical Software para desenvolver soluções que não podem falhar.
Como surgiu a oportunidade de internacionalização da Critical Software, em especial a abertura de um escritório em Silicon Valley e a assinatura do contrato com a NASA?
Ainda a braços com o processo de criação da empresa, no seio da incubadora de empresas do Instituto Pedro Nunes (em Coimbra), fomos contactados por responsáveis do Jet Propulsion Lab da NASA, que tinham visto referências em conferências e artigos científicos a uma tecnologia de injecção de falhas que estávamos a desenvolver. O Xception é uma tecnologia desenvolvida internamente pela Critical, centrada no teste e certificação de software ultra-crítico e na validação/avaliação da fiabilidade, segurança, disponibilidade, integridade e tolerância a falhas dos sistemas. A parceria com a NASA foi muito importante em termos de aprendizagem e funcionou como um cartão de visita fantástico, abrindo a porta a outros clientes.
A sua empresa é um exemplo português da capacidade de gerar um produto competitivo. Qual a estratégia que desenvolveu para atingir este desiderato?
Desde a sua criação que temos conseguido competir nos mercados mais maduros, derrubando barreiras à entrada e consolidando a nossa presença através de um forte enfoque nos clientes. O sucesso da Critical reside na aposta na qualidade e inovação tecnológica, enquanto agente na introdução de vantagens competitivas nos sistemas de informação e negócio. Com um leque de serviços, onde pontificam a integração, desenvolvimento, validação e verificação de software, asseguramos que os sistemas e processos críticos dos nossos clientes assentam em soluções onde a fiabilidade é figura omnipresente. O resultado prático são soluções desenvolvidas on-time, on-budget e on-quality, bem como um portefólio sólido de clientes a nível internacional.
De forma mais abrangente, há em Portugal capacidade para aumentar os índices de competitividade face à concorrência estrangeira?
Julgo que sim. Entendo que se tivermos a humildade que nos permita perceber, com clareza, que podemos fazer melhor (e que há coisas que de todo não fazemos bem), assim como a ambição que nos possibilite verificar que não há nenhuma razão para não as fazermos melhor do que os melhores, conseguiremos esse objectivo. Por outro lado, é fundamental assumirmos que a construção de conhecimento é a nossa maior aposta, e uma aposta que nunca deverá estar ganha.
Perante um mercado interno diminuto, a internacionalização é fundamental para a sobrevivência e viabilidade da teia empresarial portuguesa?
Claramente. As empresas com ambições de crescimento devem encarar o mercado português mais sob o ponto de vista emocional do que racional. No que à Critical diz respeito, depois dos EUA, abrimos uma subsidiária no Reino Unido, outra na Roménia e igualmente no Brasil, no sentido de nos possibilitar uma crescente interacção com as suas necessidades e, assim, tornar mais fácil a penetração nessas geografias.
Um dos aspectos mais referidos para aumentar a riqueza da nossa economia prende-se com a capacidade de exportar produtos e serviços. Que exigências se levantam aos empresários nacionais de forma a conseguirem resultados visíveis a este nível?
A capacidade de desenvolver uma oferta que assenta no valor acrescentado e na diferenciação é essencial. Cada vez mais, Portugal exporta tecnologia e isso é um indicador claro de que a inovação é encarada como factor diferenciador e capaz de equilibrar a nossa balança comercial.
A Critical Software inovou e com isso obteve resultados. A generalidade do país já demonstra essa mesma capacidade inovadora ou ainda existe um excesso de conservadorismo?
Tomando como certos os números disponíveis, tem existido um significativo esforço em I&D por parte das empresas portuguesas. Os desafios que se colocam à inovação têm a ver com a necessidade de estimular as ideias, promover a sua discussão e garantir que se constrói conhecimento em cima de conhecimento. No que à Critical diz respeito, trabalhamos em estreita relação com importantes instituições de saber e reconhecidos centros de I&D de todo o mundo. Fazemo-lo com o objectivo de acrescentarmos valor no fornecimento de soluções que se querem inovadoras e capazes de dar resposta às necessidades do mercado.
Estará Portugal condenado a perder os seus melhores cérebros, que preferem apostar numa carreira internacional? O que deveremos fazer para os conseguir reter?
Julgo que a questão já não deve ser colocada nesses termos. Hoje em dia, todas as carreiras deverão ser internacionais. Os processos de internacionalização das empresas levam a que haja uma abertura, cada vez maior, para movimentos de expatriação. As próprias empresas estão mais atentas ao acompanhamento que deve ser dado ao colaborador.
Que estratégia deverá Portugal desenvolver (e que seja capaz de envolver todos os parceiros sociais), que permita acabar com a tendência depressiva com que o país se arrasta há demasiado tempo, tanto a nível financeiro como económico?
Como em tudo, há que saber transformar um problema numa oportunidade. Não obstante esta conjuntura menos favorável não estar confinada à realidade portuguesa, julgo que estamos perante uma oportunidade para apostarmos num desenvolvimento sustentado do País. Esse desenvolvimento passa por investirmos em áreas onde possamos aproveitar os recursos, não só naturais mas humanos, que dispomos. Dois exemplos paradigmáticos são as energias renováveis e a tecnologia.