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#05 | FEVEREIRO 2010
LUÍS ANTÓNIO
Gestor Executivo da Safira
"Cada problema é sempre uma oportunidade para quem o resolve"

Qual a missão e valores da Safira?
Posto dessa forma, não é fácil responder, pois não temos o hábito de aplicar esses termos no interior da estrutura. A Safira pretende fazer a diferença pela qualidade dos produtos de engenharia e consultadoria que presta no mercado nacional. Através do nosso portefólio, disponibilizamos soluções que queremos que sejam diferenciadoras face ao resto do mercado. Aliás, tal é parte da nossa estratégia de internacionalização, pois estamos convictos que podemos repetir os nossos casos de sucesso, nomeadamente no sector financeiro, mas agora fora das nossas fronteiras. Saliento, igualmente, que as parcerias por nós escolhidas para entrar no mercado internacional encontram-se entre as firmadas em primeira instância para o caso português mas que considerámos que também poderiam ser diferenciadoras além-fronteiras.

No aspecto que referiu, quanto à internacionalização da empresa, como é que surgiu este processo?
Começámos a fazer projectos internacionais no ano de 2001, 2002, com incidência inicialmente nos mercados francês, canadiano e também angolano. Um dos casos que originou um projecto a longo curso foi precisamente na Polónia e é esse que está na base do nosso primeiro escritório internacional. Surge por uma presença prolongada nesse mercado, alicerçada nas relações que temos com os nossos clientes, e que nos permitiu conhecer o país, o mercado, a cultura e também os profissionais. E foi com base nisso que decidimos abrir um escritório, em Janeiro de 2009. As outras geografias onde temos presença são projectos internacionais.

Tem mais projectos a nível internacional?
Neste momento, nós estamos a olhar para duas alternativas, os mercados angolano e romeno.

E que serviços tem a Safira para apresentar, perante a procura de potenciais clientes?
A nossa oferta para Portugal é mais alargada e para a Polónia é mais dirigida. No nosso país, abrangemos essencialmente duas indústrias. Em termos de dimensão, cerca de 65% do nosso volume de negócios vem do mercado de serviços financeiros – e nisto estou a englobar banca e seguros – e à volta de 30% vem do mercado de telecomunicações e media. Depois, temos cerca de 5%, valor oriundo de clientes de outros sectores. A nossa oferta consiste em soluções de desenvolvimento à medida, com base em tecnologias mainstream e, depois, num conjunto de parcerias bem dirigidas, que neste momento se sintetizam em três vertentes: soluções de enterprise search (em parceria com a Google), business process management (conjuntamente com a Lombardi) e decision management (neste caso, com a FICO, anteriormente conhecida como Fair Isaac). Na área de BPM estamos sobretudo dirigidos para a banca, isto dentro do sector financeiro. Através da parceria com a FICO, em primeira instância, estamo-nos a dirigir para o mercado das seguradoras, com soluções de detecção e prevenção de fraudes.
A nível internacional, estamos a começar no mercado de produtos financeiros, através de soluções de BPM. É um sub-conjunto daquilo que nós propomos ao mercado nacional mas com uma perspectiva de crescimento e alargamento em termos de espectro da oferta. Detemos, depois, um know how já bastante relevante, por via dos projectos de soluções “costumizadas” que temos vindo a desenvolver e que, estamos em crer, é perfeitamente exportável. Esta aposta passa também por entendermos que o sector financeiro em Portugal está bastante desenvolvido, pelo menos comparativamente com outros mercados internacionais com os quais contactamos, inclusivamente o polaco. Daí que soluções, como as que já desenvolvemos no mercado nacional, para a criação de produtos financeiros compostos e certificação de informação de activos financeiros, sejam um segundo passo.

Já levantou um pouco do véu, mas poderá especificar qual a estratégia de futuro da Safira?
Conseguimos, em 2009, atingir um crescimento de 15%, números preliminares mas que não deverão mudar significativamente. E para 2010 há uma aposta nesse crescimento. A curto prazo, por via do alargamento da oferta de serviços, estamos continuamente a estudar novas parcerias que permitam alargar o leque de ofertas. Num médio prazo, a continuação da internacionalização, por alargamento a outros mercados. Primeiro vamos solidificar a nossa operação na Polónia. Tem estado a correr bem mas queremos que adquira um pouco mais de massa crítica, antes de nos lançarmos numa nova aventura.

Pelo que conhece do mercado e da própria Safira, qual é o segredo para o seu crescimento, mais ainda quando em contra-ciclo face à economia nacional e internacional?
Arrisco dizer novamente que é a qualidade daquilo que oferecemos. É difícil identificar um único factor ou, pelo menos, não vejo que o sucesso da Safira se deva a um único factor. É, antes, uma combinação de aspectos, com os quais procuramos, realmente, um nível de excelência. Só falta falar da qualidade do capital humano que empregamos. E isso vê-se com o reconhecimento ao longo destes últimos três anos, em particular 2009, através de estudos, como o da Exame, juntamente com a Heidrick & Struggles, que consideraram a Safira a melhor empresa para trabalhar dentro da sua classe. Eu penso que os vectores oferta, qualidade da entrega e a qualidade do capital humano, marcam a diferença da Safira no mercado.

Em Portugal cresce o receio que os seus talentos abandonem o país, deixando-o sem massa crítica capaz. Mas há o outro lado da moeda, em que muitos responsáveis de empresas também recrutam os seus recursos no estrangeiro. Estamos perante a evidência que o mercado é, agora, mais amplo?
A Safira também não é excepção ao que mencionou, antes pelo contrário. Nós fazemos parte do grupo de empresas que recruta talento a nível internacional e, para isso, estabelecemos uma parceria com a AISEC, uma associação de intercâmbio de estudantes universitários recém-graduados, oriundos de inúmeros países. No nosso escritório nacional contámos, durante o ano de 2009, com sete profissionais estrangeiros, com maior relevo para os de origem turca, brasileira, russa e romena. E é curioso constatar que um número significativo de candidatos portugueses à Safira fazem-no com o objectivo de alcançar uma carreira internacional, concretamente na Polónia. Agora, há uma diferença relativamente aos dois mercados. A atractividade de uma empresa portuguesa para captar talento estrangeiro é, de certa forma, condicionada ao clima económico que se vive no país. Hoje, compete às empresas conseguirem ultrapassar essa barreira. E parece-me que o que as organizações nacionais têm para oferecer a nível de carreira e desafios é, muitas vezes, superior ao que inúmeros profissionais do sector de TI encontram nos seus próprios mercados.

Há realmente uma diferença entre as empresas de TI face a outros sectores económicos no nosso país?
Concordo consigo, mas, de certa forma, é natural que assim seja. As empresas de TI estão, por natureza, habituadas a viver num meio muito mais mutável que os demais. A tecnologia evolui a um ritmo que é superior à mudança noutros segmentos do mercado. E isso faz com que os gestores das empresas deste sector estejam naturalmente mais aptos para lidar com a mudança e, simultaneamente, mais despertos a encontrar alternativas de gestão para as suas empresas.

Quais os segredos da gestão deste sector, quando comparado com as áreas económicas nacionais?
Não acho que o sector de TI tenha crescido no ano passado. Aliás, segundo reports de alguns analistas, o mercado nacional decresceu 2,2% e prevê-se que em 2010 haja uma diminuição do investimento, face ao período homólogo de 2009, de cerca de 0,5%. Pode é não estar a diminuir tanto como noutros sectores.
Regra geral, em Portugal temos uma tendência para nos restringirmos às nossas fronteiras. É uma atitude que devemos modificar, sobretudo na vertente de exportação da nossa oferta, naquilo que sabemos fazer, e bem, noutros mercados, como também é necessário abrir horizontes na captação de talento para trabalhar a nível nacional. A Safira encara o mercado, ainda não necessariamente como global, mas certamente como internacional, pelo menos à escala europeia. E a internacionalização não tem que ficar circunscrita às nossas ex-colónias ou aos mercados onde há uma maior proximidade linguística e cultural. Por exemplo, neste sector, a barreira linguística esbate-se com relativa facilidade. Praticamente todos os quadros desta indústria são, pelo menos, bilingues.
E mais, a tecnologia ajuda a esbater significativamente as barreiras geográficas. Acabando esta entrevista, vou para a Polónia, chego lá em cerca de 30 segundos, que é o tempo de ligar o monitor de um computador e, com a tecnologia de tele-presença, estar na sala com os meus colegas polacos. Apesar de ir fisicamente à Polónia, todos os meses, não é necessário ter uma equipa de gestão deslocada em permanência em cada região para a qual uma empresa se queira internacionalizar.

Este período de crise é também um momento de oportunidade?
É sempre. Cada problema é sempre uma oportunidade para quem o resolve. A Safira não tem a intenção de resolver crises, mas este é um mind set que acho que é aquilo que está na base do nosso crescimento em 2009. Numa altura em que os gestores estavam mais cautelosos, a Safira decidiu dar passos ambiciosos, com a abertura do primeiro escritório internacional, em Janeiro de 2009. Creio que isto diz alguma coisa sobre a nossa postura perante este ambiente económico.

Biografia
Com mais de 13 anos de experiência na indústria das Tecnologias de Informação, Luís António trabalhou em projectos na área do Business Solutions e Enterprise Application Integration, através de tecnologias emergentes, para grandes clientes nacionais e companhias internacionais das áreas de Serviços Financeiros e Telecomunicações. Licenciado, em 1994, pelo Instituto Superior Técnico (Engenharia Informática e de Computadores), co-fundou, três anos mais tarde, a Safira, uma empresa de TI, fornecedora de serviços e soluções para o mercado português e internacional. Actualmente, exerce as funções de gestor executivo da mesma companhia.

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